Carregando...

< Volta para Notícias

Relatório da ONU revela que países ricos consomem seis vezes mais recursos

05 de Março de 2024

Relatório do Painel Internacional de Recursos do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) aponta tendência de destruição ambiental. Particularmente em países mais ricos, que consomem seis vezes mais recursos do que as nações em desenvolvimento. Além disso, a extração de recursos naturais triplicou nas últimas cinco décadas. Em grande parte devido à expansão da infraestrutura global e aos altos níveis de consumo, especialmente em países de renda média-alta e alta.

O Panorama Global de Recursos 2024, divulgado no fim de semana, revelou projeções ainda mais preocupantes, ao mostrar que a extração de materiais deve aumentar em 60% até 2060. Esse crescimento representa uma séria ameaça não apenas para as metas globais de clima, biodiversidade e poluição. Mas também para a prosperidade econômica e o bem-estar humano, de acordo com cientistas.

O relatório destaca a necessidade urgente de mudanças políticas abrangentes para garantir que a humanidade viva dentro de seus limites. E, então, reduza significativamente o crescimento previsto no uso de recursos nos países ricos. Isso deve ocorrer em paralelo à expanção da economia, argumentam os pesquisadores. Trata-se de uma necessidade para melhorar o bem-estar e reduzir os impactos ambientais.

Lula convoca países ricos a ajudar a pagar a conta de preservação das florestas
Mudanças climáticas e COP28: ‘O apocalipse está aqui e agora’
Consumo dos países ricos
Desde 1970, o uso de recursos aumentou de 30 para 106 bilhões de toneladas, resultando em impactos ambientais dramáticos. A extração e o processamento de recursos são responsáveis por mais de 60% das emissões de gases de efeito estufa e por 40% dos impactos da poluição do ar relacionados à saúde.

Particularmente preocupantes são os efeitos da extração e do processamento de biomassa, responsáveis por 90% da perda de biodiversidade relacionada à terra e estresse hídrico, além de um terço das emissões de gases de efeito estufa. Da mesma forma, a extração e o processamento de combustíveis fósseis, metais e minerais não metálicos também desempenham um papel significativo, contribuindo com 35% das emissões globais.

“A tripla crise planetária das mudanças climáticas, da perda da natureza e da poluição é impulsionada por uma crise de consumo e produção insustentáveis. Devemos trabalhar com a natureza, em vez de apenas explorá-la”, afirma a diretora-executiva do Pnuma, Inger Andersen. “Reduzir a intensidade de recursos dos sistemas de mobilidade, habitação, alimentação e energia é a única maneira de alcançarmos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e, em última análise, um planeta justo e habitável para todas as pessoas”, completa.

Vida decente
O co-presidente do Painel Internacional de Recursos da PNUMA, Janez Potočnik, reafirmou a urgência do debate sobre o tema. “Não devemos aceitar que para satisfazer as necessidades humanas seja necessário o uso intensivo de recursos e devemos parar de estimular o sucesso econômico baseado na extração. Com uma ação decisiva dos políticos e do setor privado, uma vida decente para todos é possível sem custar à Terra.”

Então, o colegiado de cientistas responsável pelo estudo liberou uma série de recomendações aos governos e instituições internacionais.

Recomendações


Institucionalizar a governança dos recursos e definir os caminhos para o uso dos recursos. Especialmente a consideração do uso sustentável dos recursos nas estratégias de implementação dos Acordos Ambientais Multilaterais (MEAs) e melhorar a capacidade dos países de avaliar e estabelecer metas para o consumo e a produtividade dos recursos


Direcionar o financiamento para o uso sustentável de recursos. Refletindo os custos reais dos recursos na estrutura da economia (ou seja, subsídios, regulamentações, impostos, estímulos, infraestrutura e planejamento). Outras recomendações incluem a canalização do financiamento privado para o uso sustentável dos recursos e a incorporação do risco relacionado aos recursos nos mandatos dos bancos públicos e centrais


Integrar as opções de consumo sustentável. Garantindo que os consumidores tenham as informações corretas, acesso a bens e serviços sustentáveis e que possam pagar por eles. Essas medidas devem ser acompanhadas de regulamentações para desestimular ou proibir opções que utilizem muitos recursos (como produtos plásticos de uso único não essenciais)


Tornar o comércio um mecanismo de uso sustentável de recursos. Criando condições equitativas em que os verdadeiros custos ambientais e sociais dos produtos sejam refletidos nos preços, introduzindo as MEAs nos acordos comerciais, por exemplo.


Criar soluções circulares, eficientes em termos de recursos e de baixo impacto, além de modelos de negócios. Incluam a recusa, a redução, o design ecológico, a reutilização, o reparo e a reciclagem, bem como a regulamentação de apoio e a avaliação dos sistemas existente.

Fonte: RBA

< Voltar para Notícias

Notícias Relacionadas