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Secretaria do RS registra 92 mortes de mulheres por violência em 2013

20 de Março de 2014 / Geral

 A violência contra a mulher no Rio Grande do Sul é uma realidade dolorosa. Somente em 2013 foram 92 mortes no estado e 229 tentativas de homicídio. Neste ano, o levantamento de dados vai até o início de fevereiro, quando foram registradas cinco mortes pela Secretaria de Segurança Pública. A violência, quase sempre, é praticada pelo companheiro, e muitas vítimas acabam não levando o caso à polícia, por medo de ameaças, ou por tentar recuperar o relacionamento.


Uma mulher, que não quis ser identificada, foi casada por 13 anos. Segundo ela, o convívio com o marido era violento. Depois de dois anos juntos, o homem se tornou agressivo. "São 13 anos apanhando não são 13 dias. Não de tapa. Não vão atrás que é de tapa, porque não é tapa. Levava soco, na cabeça, do lado esquerdo, tive derrame. Ele me cortou, deu cinco pontos na minha cabeça", revela a mulher sobre as agressões.
 
Para a psicóloga Dulce Zacharias, a postura violenta pode ter explicação no passado do homem. "O agressor, na grande maioria, já passou pelo papel de agredido também. Em geral, ele teve uma educação muito reprimida e com muita violência", explicou.
 
Cansada da violência, ela resolveu dar um basta na situação. Registrou denúncia na polícia. De acordo com a Secretaria Estadual de Segurança Pública, em todo o ano passado, a violência contra a mulher causou 92 mortes no estado. O número é 10% menor em relação ao registrado em 2012. Para tentar diminuir ainda mais esse índice, a Patrulha Maria da Penha está presente em 25 cidades do estado. As equipes visitam residências para verificar se as medidas protetivas estão sendo cumpridas.
"Nós acreditamos que com todo esse movimento de políticas públicas e campanhas, estimulando denúncias, as vítimas se sentem mais encorajadas para procurar a polícia. Elas buscam as medidas previstas na Lei Maria da Penha", ressaltou a delegada Lisandra de Castro.
No interior, autoridades tentam contem violência
 
Em Passo Fundo, na Região Norte do estado, as mudanças na lei e na postura feminina diante do problema se traduzem em números: mais de 3,5 mil ocorrências foram registrados somente em 2012 mas em 2013 os dados caíram pela metade.
 
Já em Santa Cruz do Sul, no Vale do Rio Pardo, as estatísticas contrariam a tendência e estão em ascensão: a polícia registrou 1.785 casos de agressão a mulher, número 10% superior do que o registrado em 2012 . Neste ano, a rotina violenta teve novos capítulos: nesta quarta (19), uma mulher de 23 anos foi atingida por dois tiros dentro de casa. Ela foi socorrida e encaminhada em estado regular a um hospital. O principal suspeito do crime é o companheiro da vítima.
 
Em Rio Grande, Região Sul do estado, a média do ano passado foi de ao menos seis ocorrências do gênero por dia, com um total de 460 casos e 15 homens presos. No município de Pelotas, na mesma região, onde neste mês foi inaugurado um centro de referência especializado em atendimento a mulheres, foram registrados 800 casos: uma média de 10 denúncias por dia.
 
Em Erechim, Norte do estado, desde abril de 2009, quando a Delegacia da Mulher passou a funcionar no município, a cada 20 moradoras uma acaba sendo vítima da violência, de acordo com um levantamento da polícia.
 
Com índices de violência doméstica considerados altos para uma cidade com cerca de 116 mil habitantes, Bagé, na Região da Campanha, tem desde o dia 8 de março uma delegacia especializada. A instalação era aguardada há mais de dez anos. Só no ano passado, foram mil ocorrências.

Com uma média, de 4,8 mil ocorrências por ano, Santa Maria, na Região Central, teve no fim do mês passado um caso emblemático: uma mulher de 35 anos foi morta com 19 facadas pelo companheiro. Apenas em 2013, o município teve três assassinatos. Enquanto isso, em Cruz Alta, no Norte, os casos de violência contra a mulher já são consideradas as principais ocorrências registradas nas delegacias locais, com 1,3 mil casos em 2013.
 
Fonte: G1
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