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Brasil realiza testes com molécula que pode evitar agravamento da Covid-19
28 de Agosto de 2020 / Boas Notícias
Instituto Butantã
Nesta quinta-feira (27), inicia-se a segunda fase de estudos clínicos com a molécula M5049, uma droga experimental com tem potencial para tratar casos graves de Covid-19 e foi desenvolvida pela farmacêutica alemã Merk.
Inicialmente, a molécula havia sido criada para tratar doenças autoimunes, mas, por apresentar bom desempenho ao controlar reações imunológicas exacerbadas, especialistas acreditam que ela também possa minimizar os danos da Covid-19.
"A Covid-19 tem essa característica de apresentar tanto danos causados pelo vírus quanto pela resposta inflamatória exacerbada do sistema imunológico", afirmou Luiz Magno, diretor médico da Merck e especialista em terapia intensiva, em coletiva de imprensa nesta quinta.
Classificada como um inibidor de receptores de TLR7 e TLR8, a molécula M5049 bloqueia esses recepetores, impedindo que eles transmitam para células imunes a informação de que RNAs simples de microrganismos como o Sars-CoV-2 foram identificados. Ao acionar menos células imunes, espera-se evitar uma resposta imunológica exagerada e o agravamento da doença.
Segunda fase de testes
Após ter sua segurança demonstrada na primeira fase de estudos clínicos, com voluntários saudáveis, a molécula segue para a segunda etapa de testes, que será divida em dois estágios. Na fase 2a, 15 pacientes de centros de pesquisa do Brasil e dos Estados Unidos serão selecionados para verificar a eficácia da droga contra o agravamento da Covid-19. Eles deverão ter entre 18 e 70 anos de idade e estar internados com diagnóstico confirmado de Covid-19, além de apresentar sinais de que a doença está se agravando. Caso seja observada a eficácia da droga, os especialistas iniciarão a fase 2b, que contará com 135 voluntários. Ao todo, 150 pessoas participarão da segunda etapa de testes.
Os pacientes serão divididos em dois braços da pesquisa: em um deles, além do tratamento padrão para a doença, as pessoas receberão uma ou duas doses da molécula; no outro, serão aplicados o tratamento padrão e placebo. O estudo é randomizado, controlado por placebo e duplo-cego.
No Brasil, a Santa Casa de Belo Horizonte, em Minas Gerais, é o primeiro hospital a participar dos testes, aprovados pela Anvisa. "Além da situação pandêmica no Brasil, outro fator importante que permite que o país tenha tantos testes em andamento é a capacidade da nossa medicina de conseguir realizar estudos clínicos de qualidade, com rapidez e regulamentação bem-estruturada", destacou Magno. Segundo o médico, a expectativa é de que a segunda fase do estudo seja concluída até o fim de 2020.
Fonte: Revista Galileu