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Governo firma parceria com instituto americano para promover parto normal na rede privada

31 de Outubro de 2014 / Geral
Para promover o parto normal na rede privada de saúde,o ministro da Saúde, Arthur Chioro, reuniu-se na sexta-feira (24) com membros da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, para assinar um acordo com o Institute for Healthcare Improvement (IHI), uma organização americana sem fins lucrativos que visa boas práticas de saúde. Trata-se de uma parceria técnica, que não envolve acordos financeiros.
 
No Brasil, a taxa de cesarianas em hospitais privados chega a 86%, enquanto na rede pública alcança os 29%, resultando em uma média de 56%. Para se ter ideia da gravidade dos números, a Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza que esse índice fique em torno dos 15%. “Nós reconhecemos que a taxa de cesariana hoje se tornou um problema de saúde pública e assumiu proporções epidêmicas no setor privado”, disse o ministro. Por isso, a prioridade do governo é começar a intervenção pelos hospitais particulares.
 
O Hospital Israelita Albert Einstein foi escolhido para a implementação do plano por ter se consolidado como um dos mais importantes centros de referência e pesquisa do país. Ele servirá como um pólo de treinamento para médicos e equipes de hospitais e maternidades do Brasil inteiro. A ideia é criar uma espécie de protocolo que qualifique e valorize a realização do parto normal e que possa ser disseminado por todo o país. O hospital, que já promove cursos e treinamentos à distância e conta in loco com salas de simulação, fornecerá essa capacitação às instituições interessadas, que devem se inscrever até 15 fevereiro de 2015.
 
A metodologia utilizada será baseada na experiência do Institute for Healthcare Improvement, que já conseguiu bons resultados por meio de intervenções em instituições privadas do Brasil. Ainda não há um plano de ação definido, mas as diretrizes gerais englobam: investir na formação de equipes multidisciplinares; retomar o papel da enfermeira obstetriz (que em muitos países é quem conduz os partos normais); treinar os médicos e, acima de tudo, esclarecer as pacientes a respeito dos riscos envolvidos na intervenção cirúrgica. A previsão é de que o projeto dure dois anos.
 
Ainda não há uma meta estabelecida em números concretos: a prioridade é reverter a tendência de crescimento das cesarianas, que vem aumentando nos últimos anos. “Propomos aqui uma estratégia para a mudança de um modelo construído ao longo de 50 anos”, explicou Martha Oliveira, da ANS. Entre as causas apontadas para a taxa estarrecedora de intervenções cirúrgicas no parto, estão: a ausência de obstetras plantonistas nos hospitais, a cultura brasileira em que há um único médico para acompanhar o pré-natal e fazer o parto, o medo da dor, o modelo de remuneração dos especialistas e a falta de treinamento das equipes. Apesar de todos os esforços para reduzir o índice de cesáreas, o ministro foi categórico ao afirmar que “quem decide se a paciente vai fazer cesariana ou parto normal é sempre o médico e a mãe, nisso ninguém vai intervir”.
 
Ação em conjunto
A iniciativa faz parte de uma de uma série de medidas promovidas pelo Ministério da Saúde para aumentar o número de partos normais no país. Recentemente, foram anunciadas três propostas para reduzir o número de cesarianas. A primeira é garantir o acesso das mulheres à informação. Elas poderão consultar as taxas de cesáreas de estabelecimentos de saúde e médicos.
 
A segunda estipula a distribuição do Cartão da Gestante e a Carta de Informação à gestante, onde são anotadas as informações referentes às consultas pré-natais. E, por fim, o registro de toda a evolução do parto: da frequência das contrações à dilatação, em um documento batizado de partograma.
 
Essas propostas estão sendo submetidas à consulta pública, pelo site da ANS (acesse aqui). As contribuições poderão ser enviadas até o dia 23 de novembro. A previsão é de que essas medidas entrem em vigor a partir de dezembro.
 
Fonte: Revista Crescer
 
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