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Insegurança bancária fez 32 vítimas no primeiro semestre, diz pesquisa
31 de Julho de 2014 / Geral
São Paulo – Trinta e duas mortes, média mensal de 5,33 vítimas fatais de janeiro a junho deste ano. O saldo negativo da violência decorrente da insegurança bancária no primeiro semestre representou um aumento de 6,7% em relação a igual período período de 2013, quando foram registradas 30 mortes.
Os números constam de levantamento nacional feito pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV), com base em notícias da imprensa e com apoio técnico do Dieese. O estudo aponta ainda um crescimento de 39,1% nos últimos quatro anos.
grafico.jpgO estado de São Paulo lidera a pesquisa com 12 mortes, o que representa 38,7% dos casos, seguido por Rio de Janeiro (4), Pernambuco (3), Minas Gerais (2), Paraná (2), Goiás (2) e Paraíba (2 casos).
O crime da “saidinha de banco” foi responsável por 20 mortes, 62,5% dos casos. O assalto a correspondentes bancários – estabelecimentos comerciais autorizados a efetuar operações como pagamentos de contas e saques – e ataques a caixas eletrônicos culminaram em 4 mortes em cada modalidade. Depois, vêm as mortes em assaltos a agências (3) e transporte de valores (1).
Do total de vítimas, 22 pessoas eram clientes e usuários, o que significa 68,8% dos assassinatos. Em seguida vêm policiais (2), vigilante (1) e outras (7), entre elas pessoas atingidas por balas perdidas em tiroteios.
A pesquisa também revela a faixa etária das vítimas. Pela primeira vez, as pessoas com mais de 60 anos foram as principais vítimas, com dez mortes, o que representa 31,3% dos casos. Em segundo lugar, vem a faixas entre 31 a 40 anos com 9 mortes (28,1%), e até 30 anos, com 6 mortes (18,8%).
Para as entidades organizadoras do levantamento, os episódios de violência são favorecidos pela escassez de investimentos dos bancos na segurança dos estabelecimentos e garantir um atendimento seguro para os clientes e a população.
Segundo dados do Dieese, os seis maiores bancos (Itaú, BB, Bradesco, Caixa, Santander e HSBC) apresentaram lucros de R$ 56,7 bilhões em 2013. Já as despesas com segurança e vigilância somaram R$ 3,4 bilhões, o que significa média de 6% em relação aos lucros.
“Essas mortes comprovam o descaso e a indiferença dos bancos para a prevenção de assaltos e sequestros”, afirma o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro. “Eles continuam enxergando a segurança como custo e não como investimento na proteção da vida de trabalhadores e clientes. Os números também revelam a fragilidade da segurança pública, falta de policiamento preventivo e ações de inteligência.”
O presidente da CNTV, José Boaventura Santos, também se mostra assustado com o crescimento das mortes em assaltos envolvendo bancos. “Esses novos assassinatos mostram a falta de medidas dos bancos para proteger a vida de trabalhadores e clientes e reforçam a necessidade de atualizar a lei federal nº 7.102/83, e retomar o projeto do estatuto da segurança privada, que se encontra em construção no Ministério da Justiça", destaca. A lei a que se refere Boaventura dispõe sobre medida de segurança para estabelecimentos financeiros, estabelece normas para constituição e funcionamento das empresas particulares que exploram serviços de vigilância e de transporte de valores.
Propostas de segurança
A lei é de 1983 e nada prevê para os crimes de “saidinha de banco”. As entidades defendem que o lay-out das agências seja reformulado e que sejam instalado biombos que impeçam a identificação da tarefa que o cliente executa nos caixas por pessoas que aguardam nas filas. “A instalação de biombos já virou lei em vários municípios, como João Pessoa, Belo Horizonte, Recife, Curitiba, Fortaleza e Belém, entre outros, reduzindo drasticamente os casos de saidinha de banco”, destaca Boaventura. “O biombo é uma das medidas testadas e aprovadas em projeto-piloto de segurança bancária, que está terminando este mês em Recife, Olinda e Jaboatão dos Guararapes”, acrescenta Cordeiro.
Outra medida defendida por bancários e vigilantes é a isenção de tarifas de transferência de recursos (DOC, TED), como forma de reduzir a circulação de dinheiro na praça. “Muitos clientes sacam valores elevados só para não pagar as altas tarifas dos bancos e viram alvos de assaltantes cada vez mais violentos”, defende o secretário de imprensa da Contraf, Ademir Wiederkehr, coordenador do Coletivo Nacional de Segurança Bancária. “Proibir o uso do celular nos bancos é uma medida ingênua, inócua e ineficaz, pois não impede a visualização dos saques”, diz.
O aumento de ocorrências em correspondentes bancários (lotéricas, banco postal, lojas e outros estabelecimentos) e caixas eletrônicos é resultado, de acordo com os autores do estudo, da elitização do atendimento bancário e das políticas de gestão dos bancos que “empurram” clientes de baixa renda para fora das agências, onde os bancos não garantem a segurança.
O presidente da CNTV enfatiza que muitos caixas eletrônicos estão instalados em locais inseguros. “Muitas pessoas acabam perdendo a vida quando procuram esses equipamentos para sacar dinheiro ou são vítimas em tiroteios após explosões e arrombamentos”, observa Boaventura. “Atendimento bancário é atividade de risco. Os bancos têm que assumir a sua responsabilidade para proteger a vida das pessoas”, enfatiza Carlos Cordeiro.
Fonte: RBA informações da Contraf-CUT