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Pesquisa do Ipea revela que brasileiro acredita que roupas e comportamento são motivo de estupro

28 de Março de 2014 / Geral
O Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) divulgou nesta quinta-feira uma nova edição do Sistema de Indicadores de Percepção Social sobre tolerância social à violência contra as mulheres. O estudo aponta que o brasileiro médio se posiciona majoritariamente pela punição de agressores, mas vê naturalidade nas afirmações que indicam uma tolerância maior com a violência de gênero. Mais da metade dos entrevistados também culpabilizam mulheres pela motivação de agressões sexuais. 
 
Dentre os respondentes, 65,1% dizem concordar totalmente ou parcialmente com a afirmação “Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”. Já 58,5% concordam com a afirmação “Se mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros”. 
 
A pesquisa conclui que, por trás dessas afirmações, “está a noção de que os homens não conseguem controlar seus apetites sexuais; então as mulheres, que os provocam, é que deveriam saber se comportar, não os estupradores”. 
 
Nos aspectos de violência doméstica, apesar de o público entrevistado ter se posicionado contra agressões (91,4% concordam que agressores devem ser presos), a maioria (81,9%) acredita que o que acontece com o casal não interessa aos outros, 89% acham que “roupa suja deve ser lavada em casa” e 78,7% concordam com a frase “em briga de marido e mulher, não se mete a colher”. 
 
O estudo do Ipea conclui, com base em outros indicadores verificados, uma tendência de ordenamento patriarcal, isto é, baseada no poder masculino, e heteronormativo, o que significa que a norma é a heterossexualidade. Chama atenção na pesquisa o fato de 63,8% dos entrevistados considerarem os homens como a cabeça do lar, além da reprodução da ideia de que “toda mulher sonha em se casar” (verdade para 78,7%) e que “uma mulher só se sente realizada quando tem filhos” (59,5% concordam com a afirmação). 
 
A pesquisa ouviu 3.810 pessoas em todas as regiões do País. O estudo completo faz recorte regional, de gênero, de religião, além de idade, escolaridade e renda.
 
Fonte: Diogo Alcântara/Terra
 

 

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