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No país da informalidade, cresce número de domicílios sem renda do trabalho

21 de Março de 2019 / Trabalhador

São Paulo – Diferente da propaganda anterior à "reforma" trabalhista, segundo a qual era necessário mudar a lei para que o país voltasse a criar vagas, o mercado apenas esboçou uma reação, voltando a mostrar pouco dinamismo. O crescimento, quando ocorre, é apenas em setores informais da economia. Uma em cada quatro vagas é de trabalho parcial ou intermitente. Os dados são de análise do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgada nesta quarta-feira (20), com um dado agravante: cresce o número de domicílios sem nenhum rendimento do trabalho. São 16 milhões de casas sem renda proveniente do trabalho, de um total de quase 72 milhões de domicílios.

Segundo o Ipea, a "lenta recuperação do mercado de trabalho – traduzida na manutenção de uma taxa de desemprego alta e persistente, principalmente entre os menos escolarizados –" leva ao aumento do número de domicílios sem renda de trabalho ou renda muito baixa. No quarto trimestre de 2017, conforme informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad, do IBGE), em 21,5% dos locais pesquisados ninguém havia desempenhado atividade remunerada. Essa parcela subiu para 22,2% em igual período de 2018. Era de 18,6% no final de 2013.

"Essas famílias até podem possuir outra renda, como aposentadoria ou proveniente de programas sociais, mas nenhuma fruto do trabalho", afirma uma das autoras do estudo, Maria Andréia Lameiras, pesquisadora do Grupo de Conjuntura do Ipea. Em relação aos domicílios com renda considerada baixa, a participação subiu de 29,8% para 30,1%, na mesma de comparação. E era de 27,5% no último trimestre de 2013.

Os dados analisados pelo instituto apontam ainda crescimento da desigualdade salarial. No quarto trimestre de 2014, a renda domiciliar na faixa mais alta (superior a R$ 16 mil por mês) era 27,8 vezes maior que a média da renda muito baixa (menor que R$ 1.601,18). No final do ano passado, a proporção tinha aumentado: era 30,3 vezes maior.

O índice de Gini, que mede a desigualdade, subiu de 0,514 no último trimestre de 2014 para 0,533 em igual período do ano passado, no caso da renda domiciliar do trabalho. Quanto mais perto de zero, menor a desigualdade. Já na renda individual, o índice foi de 0,495 para 0,509.

O Brasil tem aproximadamente 12,7 milhões de desempregados, "que têm permanecido cada vez mais tempo nessa situação", diz o Ipea, lembrando que os trabalhadores jovens continuam sendo os mais atingidos. No período mais recente, o desemprego cresceu principalmente entre trabalhadores com menor escolaridade. Aqueles com ensino médio ou superior têm tido mais sucesso na busca por uma nova colocação no mercado.

Fonte: RBA

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