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Discriminação das mulheres nos bancos aumenta com ascensão e escolarização
04 de Dezembro de 2013 / Geral
Exceto em São Paulo e no Rio de Janeiro, as mulheres ainda são sub-representadas no sistema financeiro em comparação com a população economicamente ativa no Brasil. Elas já são maioria nos bancos privados, principalmente nas faixas salariais até sete salários mínimos, são mais escolarizadas que os homens, mas ganham em média 23,9% a menos que os trabalhadores do sexo masculino - diferença que cresce com a ascensão profissional e com o aumento da escolarização das mulheres bancárias.
Essas são as principais conclusões da pesquisa realizada pelo Dieese-Rede Bancários com base nos dados da Rais do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), apresentada na quarta-feira, 27/11, no terceiro e último dia do 3º Encontro Nacional de Mulheres Bancárias, organizado pela Contraf-CUT no Instituto Cajamar-Cooperinca, em São Paulo.
Dos 512 mil trabalhadores do sistema financeiro nacional em dezembro de 2012, as mulheres representavam 48,7% - índice menor que o da participação feminina na População Economicamente Ativa (PEA), que no mesmo período era de 54,1%. Tomando o sistema como um todo, as mulheres só são maioria em São Paulo (53%) e no Rio de Janeiro (51%).
Embora a porta de entrada das mulheres no sistema financeiro tenha sido nos bancos públicos – primeiro no Banespa e depois no Branco do Brasil, na década de 1960 –, houve uma inversão nas últimas décadas e hoje elas são maioria nos bancos privados.
“Não é difícil compreender por que isso ocorreu. Com a mudança do trabalho bancário, que se transformou essencialmente em venda de produtos, os bancos privados passaram a ressaltar as 'qualidades das características femininas', como paciência e habilidade no trato com os clientes, e nos casos mais graves chegando a explorar a imagem do corpo feminino”, interpreta Barbara Vallejos Vazquez, técnica do Dieese-seção Contraf-CUT que fez a apresentação do estudo.
No topo, bancárias são minoria e ganham menos
As mulheres só são maioria nos bancos até os postos de trabalho com remuneração até sete salários mínimos. Na faixa entre sete e dez salários mínimos, é igual o número de homens e mulheres no setor como um todo. A partir daí, a participação feminina vai decrescendo quase que na mesma proporção do aumento da remuneração. Exceto no segmento de gerência, que tem contato direto com os clientes, onde as mulheres são maioria (52,5%). Nas diretorias dos bancos, há 1.798 homens e apenas 457 mulheres.
Na média do sistema financeiro, as mulheres ganham 23,9% menos que os homens. Mas cresce a diferença salarial em relação aos trabalhadores do sexo masculino à medida que as mulheres vão ascendendo na carreira e aumentando a sua escolarização.
A remuneração média dos homens gerentes, por exemplo, é de R$ 7.251 e o das mulheres gerentes cai para R$ 5.221 - uma diferença de 38,8%.
A diferença de remuneração também aumenta quanto maior for a escolaridade da categoria bancária. Entre os que têm superior incompleto, as mulheres ganham 19% a menos que os homens. No segmento de superior completo, a diferença aumenta para 27%. Sobe para 33% entre os que possuem mestrado e chega a 56% na faixa dos que têm doutorado.
PCS para combater a discriminação
"Essa discriminação é inaceitável e a melhor estratégia para combatê-la é por intermédio da implementação de planos de cargos e salários em todos os bancos", afirmou o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, que esteve no 3º Encontro das Mulheres Bancárias. "Por isso é importante que as mulheres participem das comissões de empresa dos funcionários dos bancos para fortalecer a luta pela erradicação das discriminações de gênero na categoria."
Carlos Cordeiro fez um balanço da Campanha Nacional dos Bancários de 2013, "vitoriosa em razão da ousadia, da mobilização e da unidade dos bancários em todo o país, na qual as mulheres tiveram papel de destaque".
O presidente da Contraf-CUT avalia que os principais desafios dos bancários no futuro imediato são as negociações nas mesas temáticas (como saúde e condições de trabalho, igualdade de oportunidades, segurança bancária) e as campanhas por bancos, com foco na defesa do emprego, principalmente nas instituições privadas.
Fonte: Contraf-CUT