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Para mercado, Selic vai cair para 13,75% ao ano

30 de Novembro de 2016 / Economia

A maioria dos economistas e analistas tem duas convicções quando relê as atas do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, responsável pelos rumos da taxa básica de juros (Selic). A ata explica a decisão de cada reunião do Copom e, na gestão de Ilan Goldfajn, vem deixando claro que o foco é levar a inflação a 4,5%, o centro da meta, em 2017. Diante disso, a primeira certeza é que, na reunião desta quarta-feira, 30, existe a forte tendência de que o corte, novamente, será de apenas 0,25 ponto porcentual. Para a maioria, porém, a segunda certeza é que há espaço para o Copom acelerar essa queda, aplicando uma redução de 0,5 ponto porcentual. Hoje, a Selic está em 14% ao ano.

Apesar da concordância de que deter a inflação é a prioridade, há quase um consenso de que a fraqueza da economia para sair da recessão e a piora de indicadores importantes, como emprego e renda, exigem um alívio mais rápido dos juros. O economista Sergio Vale, da MB Associados, por exemplo, faz um paralelo entre a postura do BC hoje com a da instituição em 2008. Naquele ano, lembra, a crise global jogou a economia para baixo, havia incerteza em relação aos impactos do câmbio na inflação e, por isso, o BC só começou a reduzir os juros no começo de 2009.

Para ele, há um ambiente similar agora, para justificar o conservadorismo, adicionando o fato de a inflação ter se mostrado resistente e a incerteza ter aumentado, com a eleição de Donald Trump e o agravamento da crise política no Brasil.

No entanto, Vale pondera: “Agora não há ataque especulativo, a essa altura o efeito Trump e a piora recente na política não são novidades e, na economia, temos uma recessão muito longa, de quase três anos, e a demora em reduzir os juros ainda pode acelerar o processo de falências e recuperações judiciais. Assim, haveria espaço para acelerar a queda, apesar de não acreditarmos que o BC fará isso agora”.

A economista-chefe da XP Investimento, Zeina Latif, segue na mesma linha, reforçando que os indicadores da economia estão piorando muito. Na sua avaliação, o resultado da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada ontem, é “desastroso” no aspecto social. Não apenas porque o número de desempregados ultrapassou a casa de 12 milhões e porque no último ano quase 1,5 milhão engrossou as fileiras do chamado desalento – simplesmente desistiram de procurar trabalho.

Ela entende que o BC tem espaço para reavaliar a velocidade do corte. “Se aplicasse um corte de 0,5 ponto, o BC ainda sinalizaria que a economia segue para a normalidade – o conservadorismo pode realimentar a desconfiança e ter o efeito inverso ao esperado.”

‘Janela’. Para Evandro Buccini, economista da Rio Bravo Investimentos, outro componente que abre espaço para o BC acelerar a queda é a tramitação da chamada PEC do Teto, projeto que limita os gastos do governo federal. Buccini lembra que a tramitação superou as melhores expectativas e que a reforma da Previdência virá em seguida, com boas chances de que os itens mais importantes sejam aprovados. “O BC tem uma janela no fiscal para acelerar o corte da Selic.” Ele também projeta redução de 0,25 ponto, mas diz que “alimenta a esperança” de o BC acrescentar à sua análise os últimos indicadores – incluindo o resultado do PIB, que será divulgado nesta quarta-feira e, ele estima, deve surpreender para pior.

No grupo que endossa uma redução mais conservadora dos juros está a economista Alessandra Ribeiro, da consultoria Tendência. Ela lembra que o BC estabeleceu o compromisso de colocar a inflação no centro da meta em 2017 e que agora precisa mirar nesse resultado, principalmente porque as projeções ainda não mostram que vai conseguir alcançar esse objetivo.

Fonte: Estadão

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