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Possibilidade de escolher o local de trabalho exige disciplina e desapego

04 de Maio de 2016 / Geral

Empresas estão abrindo mão dos postos fixos de trabalho como forma de cortar custos e reduzir o espaço físico, mas ao mesmo tempo tentar fazer com que os profissionais colaborem mais entre si.

As alternativas vão do já tradicional “home office” a medidas como não dar um lugar específico para os profissionais no escritório: cada dias eles estão num lugar, com gente diferente em volta.

“Tem dias em que sento perto do marketing, em outros do jurídico ou do RH. Consigo produzir de qualquer lugar”, conta Luciana Tudeia, 40, coordenadora de assuntos corporativos da Unilever, que adota o modelo.

Ela diz ter sentido benefícios como o aumento da comunicação interna e o contato com outras áreas -como as pessoas de diferentes departamentos se “esbarram” com mais frequência, a tendência é que as diferenças e a burocracia diminuam.

Mas não é estranho chegar ao trabalho e não ter um local para chamar de seu, com uma foto de alguém querido ou uma caneta própria que seja? José Alfredo Souza, 38, engenheiro de sistemas da Cisco, diz que não.

“Meu trabalho é mais dinâmico e flexível. Tanto faz se estou em casa, num café ou numa livraria”, afirma ele, que só precisa ir à sede da empresa algumas tardes por semana para reuniões.

Ele recebeu da companhia um kit com laptop e telefone para que possa trabalhar em qualquer mesa do escritório ou fora dele. Mas, além das ferramentas tecnológicas, há questões comportamentais que devem ser aprendidas.

Quando o funcionário se vê obrigado a compartilhar a mesa com estranhos, é importante respeitar algumas regras básicas, como não falar alto, colocar o celular no silencioso e usar a área do café para conversas longas.

Para que os empregados não deixem bagunça em cima de uma mesa que não é mais só deles, empresas costumam ter armários individuais para que guardem os seus pertences.

Quando todos os lugares estão tomados, o funcionário precisa ser criativo e contornar a situação como ir para uma das salas de reuniões ou até mesmo ocupar um lugar no café, explica Beny Finkelstein, 27, coordenador de inteligência de mercado da farmacêutica Boehringer.

“Se o trabalho requer uma concentração maior, talvez seja melhor agendar uma sala de reunião e não misturar com outras atividades colaborativas”, diz Achilli Sfizzo Neto, 39, presidente-executivo da Chemtech, uma companhia da Siemens.

Dança das cadeiras
Em geral, a decisão de acabar com as mesas fixas está atrelada ao programa de “home office”. O objetivo mais pragmático é reduzir o espaço físico do escritório: pode-se ter mais funcionários que postos de trabalho -a Boehringer adotou o modelo ao se mudar para uma sede menor em São Paulo.

Por isso, exige-se que esses profissionais possam ser produtivos em qualquer lugar. “É uma liberdade enorme, mas as pessoas precisam estar amadurecidas para isso e evitar que as questões domésticas acabem atrapalhando”, afirma Ana Machado, 43, gerente de infraestrutura para América Latina da Shell -no escritório da petroleira no Rio de Janeiro 60% dos funcionários podem se dividir entre o escritório e a casa.

Ela teve de conversar com seus dois filhos para que eles entendessem qual era sua rotina -às vezes Ana está em casa, mas precisa se concentrar no trabalho.
O problema é que, quando não há muita rotina, é comum trabalhar mais. “Nos níveis superiores hierárquicos, você se compromete e acaba produzindo mais e ficando mais tempo conectado”, diz.

A especialista em recrutamento da GSK Thainá Corrêa, 31, aconselha os profissionais remotos a respeitarem os horários, como os de almoço ou do fim do expediente.

Fonte: Folha de São Paulo, por Guilherme Celestino

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